Os Jovens Repórteres para o Ambiente (JRA) investigam, questionam, entrevistam, recolhem factos, captam imagens, reportam e comunicam sobre sustentabilidade num exercício de cidadania activa.

Este projecto é coordenado em Portugal pela Associação Bandeira Azul:
www.abae.pt




segunda-feira, 13 de junho de 2011

Biodiversidade no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

No dia 15 de Maio de 2011, doze Jovens Repórteres para o Ambiente da EB 2,3 Ciclos Damião de Odemira realizou uma saída de campo desde do parque de merendas da praia das Furnas (Vila Nova de Milfontes) até à Longueira (Odemira).



A saída de campo contou ainda com a docente/guia Paula Canha, 6 seus alunos da Escola Secundária Doutor Manuel Candeias, um seu ex-aluno, estudante de Biologia na FCUP e as docentes Susana Prazeres e Zélia Coelho. Com um percurso já bem definido, estavam estipuladas paragens obrigatórias para identificação e análise das espécies mais interessantes por serem espécies endémicas, espécies em vias de extinção e a sua relação com o restante ecossistema.


No local de partida, foram identificadas o linho bravo e a cenoura brava, sendo esta uma espécie endémica do Sudoeste alentejano. Ambas as espécies sofreram alterações pela manipulação do Homem, sendo aplicadas agora nos têxteis e alimentação, respectivamente.


Encontradas pegadas de quadrúpedes, procurou-se identificar as espécies que as registaram através de consulta de apontamentos do dossier de Paula Canha e outros manuais. Após a explicação de técnicas de identificação de pegadas, utilizou-se uma régua e determinou-se que as pegadas eram de cão, espécie bem conhecida.


Identificamos algumas espécies como plantago almogravensis, arbusto de pequenas dimensões, e almofadada de ramos curtos que terminam em rosetas foliares estreladas, folhas lineares e bicudas. Trata-se de uma espécie muito rara e de distribuição geográfica restrita pelo que o risco de extinção desta é devido a catástrofes de origem humana e natural. Actualmente é uma espécie endémica.


Rabo de raposa, planta sem clorofila e que se alimenta através das plantas vizinhas. Herbácea parasita que após a germinação entra em contacto com as raízes da planta hospedeira.


Gaivotas juvenis e adultas identificadas pela penugem castanha e branca, respectivamente. Junto às dunas, identificaram-se ainda pegadas destas espécies, de insectos e cobras.

Chaminés-de-fada, formadas devido à existência de uma pedra pequena, pedaços de rocha, conchas em cima da areia. Com a erosão do vento, os materiais ainda sob pressão continuam acumulados e apresentam características únicas.


Há espécies de animais que possuem uma vida nocturna e por isso não são facilmente encontrados pelo Homem. Encontrou-se dejectos de animal, que através da análise da sua composição e dimensão, identificou-se que era de texugo. Do mesmo modo, foram identificadas dejectos de lontra-de-água-doce que possuíam cascas de lagostim da sua constituição, espécies da sua cadeia alimentar. Lontra-de-água-doce, percorre ribeiras para caçar alimento no mar e regressa através do mesmo percurso, retirando o sal da pele.

Na Longueira (concelho de Odemira) foi explorado um dos charcos temporários privados sob a orientação da professora Paula Canha, onde o seu estudo com alunos é frequente dada a elevada biodiversidade aí presente que resulta da ausência de peixes e outros predadores.


Foram identificados girinos de sapos-de-unha-negra nas diversas fases de desenvolvimento. Esta designação deve-se à existência à existência de uma extremidade negra nas patas inferiores, semelhante a uma unha. Esta particularidade permite o sapo proteger-se dos tempos mais quentes, escavando pequenos buracos na lama, em épocas de calor, para se abrigar e esconder-se dos predadores.

O charco era rico em larvas de insectos, tais como larvas de libelinha (designadas por ninfas). Espécie aquática, carnívora e extremamente agressiva, podendo alimentar-se de insectos, girinos e peixes juvenis, caso existam.




Identificou-se uma larva de salamandra-de-costelas-salientes, maior urodelo da Península Ibérica, podendo atingir 30 cm. Esta espécie apresenta uma distribuição restrita, presente apenas na Península Ibérica e no Norte de África. Possui um interessante mecanismo de defesa, que activa quando é ameaçado – projectando veneno através das costelas que se encontram salientes.


As moscas efémeras, apresentam um corpo de larva e distinguem-se pelas brânquias e as suas três caudas. A presença desta espécie é característica de águas com qualidades para a existência e vida.



Houve ainda a oportunidade de analisar as rochas sedimentares que sofrem erosão dando uma característica interessante a algumas regiões da Costa Vicentina.